O que a sigla em inglês para “ambiental, social e governança” tem a dizer sobre nossas emoções e saúde mental
Nenhum dos aspectos abordados pelo ESG é exatamente novo. A crise climática é, infelizmente, velha conhecida. As questões sociais (diversidade, inclusão, equidade etc.) têm ocupado manchetes e conversas também não é de hoje. E a governança… Bem, essa cada empresa tem seu jeito de lidar.
Então por que tanto se fala em ESG hoje? Resumidamente, porque, com o passar do tempo, as empresas foram entendendo que as pautas trazidas pela sigla foram se tornando demandas importantes para todos os seus stakeholders – incluindo aí, e com destaque, os investidores.
Isso equivale a dizer que para garantir novos investimentos, as empresas estão se vendo obrigadas, de um jeito ou de outro, a se manterem alinhadas com diretrizes que, antes da onda ESG, pareciam distantes dos negócios, reservadas às editorias de meio ambiente e comportamento.
E se hoje pautas sociais como igualdade e diversidade tem ganhado espaço, a saúde mental não fica nada atrás. Do movimento da “Grande Renúncia”, que vem levando milhares de pessoas a pedirem demissão nos Estados Unidos – e mesmo no Brasil –, apesar da crise econômica, à síndrome de burnout, que passou a ser considerada doença ocupacional em 2022, o bem-estar emocional versus a dinâmica tradicional de trabalho (jornadas demasiadamente longas, pressão sobre-humana para metas etc.) tem sido uma “batalha” travada no novo século.
Mas de que forma isso está se construindo? Na verdade, se trata de algo que vem sendo medido. Consultorias especializadas têm feito sucesso entre grandes empresas no momento em que oferecem análises para o levantamento de indicadores relacionados a questões como diversidade na equipe, respeito aos direitos trabalhistas, preocupação com saúde e o bem-estar, capacidade de engajar os colaboradores de forma genuína e cuidados com a segurança.
E depois, o que se faz com esses indicadores? De um lado, eles são usados para promover mudanças: garantir um ambiente saudável, que torne sustentável as relações de trabalho e não gere um esgotamento do indivíduo. O que, por sua vez, exige a compreensão de aspectos básicos do comportamento humano e o desenvolvimento das chamadas soft skills – competências mais subjetivas, como a empatia e inteligência emocional, tantos dos colaboradores quanto dos gestores.
Por outro lado, ao apresentarem melhoras significativas e sustentáveis nesse campo – lembrando que estamos aqui tratando apenas do aspecto social do ESG –, a tendência é que isso se reflita em indicadores favoráveis às empresas, que atraiam e atestem que elas são seguras para os investidores na era da humanização das relações.
O estudo LifeWorks Mental Health Index comprova essa tese ao mostrar que os fatores de preocupação relativo ao pilar social, que cresce nesta fase de pós-pandemia, é com a saúde mental dos funcionários – há quem diga até que tem um “M” de “mental” puxando o “S” da sigla.
O levantamento aponta que trabalhadores que tiveram suporte psicológico e emocional adequado durante a pandemia apresentaram resultados melhores em comparação àqueles que trabalham em empresas que não fornecem nenhum tipo de apoio – para 76% dos ouvidos, esse amparo é um “diferencial” no momento de optar por pedir ou não demissão de um posto de trabalho. Além disso, empresas que não se atentarem à essa nova realidade tendem a perder dinheiro. É o que aponta um relatório da Lancet Commission que previu que, até 2030, o número de dias de trabalho perdidos em virtude de problemas relacionados à saúde mental vai custar à economia global US$ 16 trilhões.
A pergunta que fica é: como os empregadores têm tratado seus empregados?
Marcelo Maia é instrutor de mindfulness formado trainer pela Mindfulness Trainings International e fundador do Momento Mindful
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