Compulsões: como o mindfulness pode contribuir para lidar com esses comportamentos?

O que caracteriza os comportamentos compulsivos?

Segundo o médico André Malbergier – professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) –, é possível defini-los como uma pressão interna que, em determinadas situações, faz com que sejamos tomados por um forte desejo de realizar uma ação que gera prazer nos estágios iniciais, mas que depois provoca sentimento de culpa e mal-estar.

De forma complementar aos tratamentos oferecidos pela medicina, o mindfulness pode abordar outras maneiras de intervir no problema que podem contribuir para mudar as respostas que damos aos chamados rituais compulsivos, rotinas que acabam por cumprir uma função de controlar a ansiedade, ainda que de uma forma que não nos pareça adequada.

É essa a contribuição do Protocolo Mindfulness-based Relapse Prevention (MBRP), desenvolvido no Centro de Pesquisa de Comportamentos Aditivos da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e que será seguido pelo Estúdio Moved by Mindfulness na condução do curso de oito semanas Mindfulness MBRP, com início em 12 de julho e ministrado pelo instrutor Marcelo Maia.

Originalmente desenvolvido para tratamento em casos de dependências – e, posteriormente, ampliado para ansiedade, insônia e comportamentos reativos em geral –, o programa tem o objetivo de aumentar a consciência sobre  sensações, pensamentos e emoções.  Assim, os participantes passam a conhecer instrumentos para o enfrentamento dos gatilhos que desencadeiam comportamentos reativos, automáticos e habituais, geralmente envolvendo padrões que podem ser considerados disfuncionais. Em resumo, as práticas contribuem para que a pessoa aumente seu leque de opções de respostas diante de cada situação cotidiana, aprendendo a lidar de uma forma que a favoreça no que concerne à saúde e ao bem estar.

Como funciona o curso?
O programa é dividido por sessões que abordam os diferentes aspectos envolvidos nessas reações – como o “piloto automático”, a recaída, a consciência dos gatilhos e a fissura –, cruzando-os com os princípios da meditação mindfulness. Entre eles, a atenção plena na vida diária e em situações de alto risco, o autocuidado, um estilo de vida balanceado e a prática continuada.

No hall de contribuições que essa abordagem complementar do problema pode oferecer, destacam-se o aprendizado para reconhecer as experiências desafiadoras do ponto de vista emocional e físico; a capacidade de potencializar uma resposta mais compassiva e não-julgadora para conosco e os outros; e a construção de um estilo de vida voltado para a recuperação – e que tenha o mindfulness entre as ferramentas para conquistá-lo.

Confira as informações sobre o curso Mindfulness MBRP – Para comportamentos compulsivos

Realização: Estúdio Moved by Mindfulness
Datas: 12/07 a 06/09 (não haverá aula dia 16/08)
Horário: 20h15 às 22h15
Duração: 8 semanas (quintas-feiras)
Instrutor: Marcelo Maia, fundador do Estúdio Moved by Mindfulness formado pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e pelo MTi (Mindfulness Trainings International).
INSCRIÇÕES aqui

Com informações do site oficial Drauzio Varella, Oficina de Psicologia e Centro Brasileiro de Formação e Pesquisa em Mindfulness MBRP 

Documentário faz viagem pelo mundo do mindfulness

O documentário Caminha Comigo (Walk With Me, 2017, dirigido por Marc J. Francis e Max Pugh) é um trajeto cinematográfico pelo mundo do mindfulness e do mestre Thich Nhat Hanh, considerado um dos nomes mais importantes da prática.  Com acesso sem precedentes ao famoso monastério isolado de Plum Village, fundado em 1982 por ele em  no Sudoeste da França, o documentário captura a rotina diária e os rituais de monges e freiras em uma missão para desenvolver um profundo senso de presença. Filmado ao longo de três anos, a obra nos coloca em contato com uma comunidade de pessoas que se juntaram ao mestre Nhat Hanh para praticar mindfulness.

Em cartaz na Netflix e na plataforma NOW, da TV por assinatura NET,

Assista ao trailer

Jon Kabat-Zinn ganha tradução em português

Criador da Stress Reduction Clinic (Clínica de Redução de Estresse) e do Center for Mindfulness in Medicine, Health Care And Society (Centro de Atenção Plena em Medicina, Saúde e Sociedade), Jon Kabat-Zinn (foto) foi precursor da prática do mindfulness nos Estados Unidos.

Entre seus títulos, acaba de ser lançado no Brasil o livro Atenção Plena Para Iniciantes (Sextante, 2017), que traz ensinamentos de Kabat-Zinn, também professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts e ex-aluno de mestres como Thich Nhat Hanh e Seung Sahn.

A obra reúne textos e reflexões tanto para quem já conhece o tema quanto para quem está começando a meditar e ainda tem dúvidas sobre como trazer o mindfulness para a rotina e, mais do que isso, quais benefícios ele proporciona para a saúde física, mental e emocional.

Kabat-Zinn oferece instruções e respostas por meio de uma compilação de recursos essenciais – como o valor de trazer a consciência plena ao corpo e aos sentidos, os benefícios de estabilizar a atenção em meio às atividades do dia a dia e de que forma conseguir enxergar além da narrativa que a nossa mente conta.

O volume ainda inclui um CD com cinco sessões guiadas. Leitura essencial!

Confira trechos do texto e dos áudios aqui: http://atencaoplenaparainiciantes.com.br

Dicas para aplicar as técnicas de mindfulness no dia a dia

Por Moira Malzoni

O nosso cérebro está em constante transformação. Isso se chama neuroplasticidade (plasticidade neuronal), e acontece porque as atividades que fazemos, e o modo repetitivo que praticamos vai ´moldando´ nossa massa cinzenta, ou seja, alterando as atividades e o volume do cérebro. Geralmente isso ocorre sem o nosso controle. A boa notícia é que a meditação mindfulness contribui para essas mudanças de um modo positivo. Estudos apontam que quanto mais você pratica, mais muda seu cérebro de forma saudável.

 

  1. Não é preciso “desligar” os pensamentos para meditar
    Às vezes ouvimos alguém dizer que não consegue meditar por não ser capaz de “desligar os pensamentos”. No mindfulness, porém, nós não entendemos a meditação como parar de pensar. A prática enxerga que o pensar é algo natural da mente. Portanto, os pensamentos virão. O exercício é notar a chegada deles e, de modo intencional, optar por voltar à meditação e ao seu foco – como a respiração, por exemplo
  1. O que é ser mindful?
    Ser mindful é estar presente em tudo o que se faz. É um estado de consciência plena. Muitas vezes, no entanto, nossos pensamentos estão ligados a fatos futuros ou passados – e pouca atenção é dedicada ao presente. O mindful enxerga um desequilíbrio nessa dinâmica. Em sua prática, a mente é sempre gentilmente trazida ao momento presente.
  1. Um minuto de meditação
    Muitas vezes dizemos: ”eu não tenho tempo para meditar”. Mas podemos parar um instante durante o dia e simplesmente observar nossa respiração. Pode ter certeza que essa pausa fará a maior diferença para você. E, se conseguir um pouquinho mais tempo,          aumente a prática. O importante é fazer isso diversas vezes – como antes de comer, ao acordar, antes de dormir, ao entrar em uma reunião importante, quando se sentir agitado ou ao perceber que precisa. Sugestão? Cinco pausas de um minuto por dia. Boas             práticas!
  1. Exercícios com atenção plena
    Em qualquer momento você pode treinar a atenção plena. Experimente colocar consciência nos momentos em que você se exercita. Além de aumentar o prazer em fazer o exercício, melhora também a relação com o seu corpo. Faça como nas meditações: sempre que sua mente vagar, perceba isso; e gentilmente volte a atenção para a atividade física que estiver sendo praticada.
  1. Repense a “cultura multitarefa”
    Ao contrário do que muitos podem imaginar, fragmentar a atenção a fim de realizar muitas tarefas simultaneamente nem sempre traz o melhor resultado. Vale repensar esse hábito e criar uma lista com prioridades diárias. Assim você consegue identificar em qual delas se focar 100% naquele dia até que esteja concluída. Terminou a tarefa? Marque um checkpoint e livre-se do piloto automático. A atenção plena dedicada a cada tarefa garante melhor desempenho. Boas práticas

6. Meditação caminhando?
Sim, é possível praticar meditação durante uma caminhada. Existe um exercício que se chama prática formal, no qual o praticante                separa um tempo para caminhar com atenção plena – e isso pode ser considerada a sua meditação do dia. São diversos os exercícios
de mindfulness ensinados nos cursos de 6 semanas e em livros sobre o assunto.

As nove atitudes do mindfulness

As chamadas nove atitudes do mindfulness são princípios que norteiam a prática e difundem alguns dos valores cultivados nesse tipo de meditação. No Estúdio, todos os cursos e sessões são fundamentados nas meditações básicas. No entanto, temos diferentes opções de temas de prática na nossa grade horária. E uma delas, a ESSENCIAL +A, atenta para o cultivo dessas atitudes na prática de meditação. Conheça-as aqui.

1) Não julgamento: na verdade um convite à consciência do quanto julgamos situações e pessoas e ao discernimento no lugar de enxergarmos o externo através apenas das lentes de nossos próprios gostos e preferências.

2) Paciência: deixar as coisas desenrolarem-se em seu próprio ritmo.

3) Manter uma mente de principiante: ou seja, aquela que está disposta a ver tudo como se fosse a primeira vez.

4) Aceitação: atitude que nos leva a ver as coisas como elas são no presente (e a trabalhar para a mudança a partir desse princípio).

5) Desapego: perceber quando queremos manter algo, prolongar uma experiência, e trazer a ideia do desapego, de deixar ir, deixamos as coisas fluírem naturalmente.

6) Confiança: quando cultivada em nós mesmos, nos torna capazes de leva-la a nossos relacionamentos (com o outro, com os desafios e com a natureza).

7) A ausência de esforço: nada tem a ver com inércia e sim com consciência guiada pela atenção plena. A ideia é permitir que as coisas sejam naturalmente abarcadas pela nossa mente, sem ter que forçar que algo aconteça.

8) Gratidão: ao momento presente, ao fato de estarmos vivos, criando um relacionamento único e poderoso com o bem-estar.

9) Generosidade: quando oferecemos ao outro simplesmente para vê-lo feliz, potencializando a conexão e a real interatividade com o que nos rodeia.

Posição: é preciso sentar no chão para meditar?

Nossos cursos e sessões são voltados tanto para quem está começando na meditação mindfulness quanto para aqueles que já têm alguma experiência. Algumas pessoas, no entanto, podem ter dúvidas com relação à postura durante a prática: é preciso sentar no chão?

Na verdade, o importante é sempre buscar uma posição para o corpo que nos deixe prontos para o momento de meditação. Por isso, uma das propostas é a postura considerada tradicional – sentado no chão, com as pernas cruzadas. Mas essa não é a única.

A qualidade da meditação não fica comprometida se o aluno optar por acompanhar as sessões sentado numa  cadeira comum ou numa cadeira própria para a prática – buscando sempre manter a coluna ereta, porém, confortável. Aqui no Estúdio, cadeiras especialmente pensadas para esse fim dividem espaço com colchonetes e almofadas para que todos encontrem a postura que mais traga conforto.

MINDFULNESS NO DIA A DIA: UM MINUTO DE SILÊNCIO

Se você quer praticar meditação, mas acha que não tem tempo, esse é um começo: pare e observe sua respiração. Pode ser  um minuto de silêncio, um instante ou o tempo que você puder.

Conseguir incluir esses momentos no decorrer do seu dia é o pontapé para a mudança que você precisa para realizar suas atividades com mais foco e clareza.

Seja antes de uma reunião importante, do cafezinho, de uma refeição ou mesmo antes de chegar em casa ou ao escritório. Pare, feche os olhos (se for possível naquele momento!) e concentre-se na respiração. Basta respirar normalmente e observar como se sente. Boas práticas!