Entre todas as habilidades da mente, a atenção é considerada a ´chefe´ de todas. Ela nos permite perceber, selecionar e direcionar os recursos de processamento do cérebro. Mais de seis mil estudos, conduzidos por instituições de referência, como a Universidade da Califórnia, apontam que a prática da meditação mindfulness pode ser considerada um treinamento para nos ajudar a desenolver o foco, modificando inclusive a plasticidade do cérebro

Em uma palestra apresentada na série de conferências TED, a neurocientista indiana Amishi Jha afirmou que a ideia de que só usamos 10% do nosso cérebro é falsa. Usamos 100% dele. Mas nossos cérebros estão sobrecarregados com muito mais informação do que podemos processar. Uma solução, segundo suas pesquisas, estaria num aspecto da nossa própria evolução: o “sistema de atenção” do cérebro. 

A atenção nos permite perceber, selecionar e direcionar os recursos de processamento do cérebro. Para Amishi, podemos considera-la a “chefe” da nossa mente, uma “voz” que nos guia a nos afastar de algumas coisas para lidar de forma efetiva com outras. 

Mas como esse sistema funciona e por que às vezes nos sentimos tão desatentos?

Nosso cérebro recebe o tempo todo milhares de estímulos externos (sons, Imagens, cheiros, sabores) e internos (pensamentos, sensações, emoções, memórias). E não é só isso. Ele ainda precisa processar nossas tarefas do dia a dia. É quando a atenção precisa entrar para nos orientar nesse mar de “interferências”. Mas isso acabou se tornando um grande desafio nos dias de hoje – e não é difícil imaginar o motivo.  

A boa notícia é que, segundo estudos, é possível treinar nossa concentração. E uma das ferramentas para isso pode ser o mindfulness – que pode ser traduzido também como “atenção plena”.

A meditação como treinamento

Baseado em uma prática budista, o mindfulness é um técnica laica e que vem, desde a década de 1970, conquistado cada vez mais adeptos no mundo ocidental.

Mais de seis mil estudos, conduzidos por instituições de referência, como a Universidade da Califórnia, apontam que a prática dessa meditação pode ser considerada um treinamento para a nossa atenção, modificando inclusive a plasticidade do cérebro. 

A neurocientista Amishi Jha explicou em seu TED que nossa atenção é prejudicada quando estamos estressados ou distraídos. A prática ajuda, então, a termos maior controle de nosso foco mesmo em momentos desafiadores.

Diferentes tipos

Conheça os pontos de partida e caminhos que classificam nossa atenção. 

Seletiva ou concentrada – É quando conscientemente escolhemos um foco. Já repararam que quando estamos focados em algo, muitas vezes acabamos não percebendo outros estímulos? É a famosa cena de alguém vir falar com a gente enquanto estamos, por exemplo, lendo ou escrevendo um texto. “Como? Desculpa, não ouvi…”

Tardia – Aqui, acabamos demorando um tempo para focar e entender uma informação. Captamos na hora, mas entendemos depois. Um exemplo são as situações em que você não entende o que alguém falou, mas logo em seguida, mesmo sem a pessoa repetir a frase, você a monta na cabeça.

Voluntária – Ela nos permite processar informações em meio a uma enxurrada de estímulos. Imagine-se numa feira livre, com mil estímulos e ofertas de produtos, mas mesmo assim você foca naquilo que precisa ou quer comprar. 

Involuntária – É meio que o contrário da anterior: você acaba tendo a atenção “roubada” por algo que não estava previsto. 

Alternada – Quando mudamos o foco alternadamente. Ela é sustentada ao mantemos o foco por um longo período.

Transtorno de déficit de atenção (TDAH)

Vale lembrar, no entanto, que nem todos conseguem ter esse controle. Em quadros de TDAH, surge uma enorme dificuldade em se concentrar. 

Os sintomas tendem a aparecer logo na infância, quando percebemos as crianças mais agitadas do que seria comum para a energia dessa fase da vida. Há problemas até para a criança permanecer sentada durante a aula na escola. 

Estima-se que cerca de 5% das crianças norte-americanas apresentem esse problema. E as características principais são: a falta de atenção, hiperatividade e a impulsividade.

Marcelo Maia é instrutor de mindfulness formado trainer pela Mindfulness Trainings International e fundador do Momento Mindful

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