As nove atitudes do mindfulness

As chamadas nove atitudes do mindfulness são princípios que norteiam a prática e difundem alguns dos valores cultivados nesse tipo de meditação. No Estúdio, todos os cursos e sessões são fundamentados nas meditações básicas. No entanto, temos diferentes opções de temas de prática na nossa grade horária. E uma delas, a ESSENCIAL +A, atenta para o cultivo dessas atitudes na prática de meditação. Conheça-as aqui.

1) Não julgamento: na verdade um convite à consciência do quanto julgamos situações e pessoas e ao discernimento no lugar de enxergarmos o externo através apenas das lentes de nossos próprios gostos e preferências.

2) Paciência: deixar as coisas desenrolarem-se em seu próprio ritmo.

3) Manter uma mente de principiante: ou seja, aquela que está disposta a ver tudo como se fosse a primeira vez.

4) Aceitação: atitude que nos leva a ver as coisas como elas são no presente (e a trabalhar para a mudança a partir desse princípio).

5) Desapego: perceber quando queremos manter algo, prolongar uma experiência, e trazer a ideia do desapego, de deixar ir, deixamos as coisas fluírem naturalmente.

6) Confiança: quando cultivada em nós mesmos, nos torna capazes de leva-la a nossos relacionamentos (com o outro, com os desafios e com a natureza).

7) A ausência de esforço: nada tem a ver com inércia e sim com consciência guiada pela atenção plena. A ideia é permitir que as coisas sejam naturalmente abarcadas pela nossa mente, sem ter que forçar que algo aconteça.

8) Gratidão: ao momento presente, ao fato de estarmos vivos, criando um relacionamento único e poderoso com o bem-estar.

9) Generosidade: quando oferecemos ao outro simplesmente para vê-lo feliz, potencializando a conexão e a real interatividade com o que nos rodeia.

Imagine que você está em 2050 e um novo sistema se desenvolveu: a Economia da Compaixão

O mindfulness cresce em diversas áreas e as mudanças ocorrem não apenas dentro de cada indivíduo mas também no todo que é a nossa sociedade

Imagine que você está no ano de 2050. Muitas tecnologias e novas descobertas apareceram para nos ajudar a viver melhor, a aproveitar mais os recursos naturais e promover a sustentabilidade no planeta. Mas não é apenas no campo da tecnologia que evoluímos, em 2050 aprendemos a nos relacionar de modo mais humano. A meditação e o mindfulness aparecem em diversas áreas do nosso cotidiano e podemos sentir as transformações em toda a sociedade. O mundo evoluiu e estamos finalmente todos conectados. A humanidade está ligada em rede, não apenas uma rede digital mas uma rede de autocuidado e compaixão. Em 2050, as crianças aprendem a meditar na escola e praticam juntas dentro e fora da sala de aula. Nos locais de trabalho as relações são de cooperação e colaboração. Temos espaço para a diversidade e tolerância.

Um minuto de silêncio
Imagine que antes de toda reunião ou conversa iniciamos com 1 minuto de silêncio e todos nos colocamos a ouvir o outro com atenção plena. Em cada conflito ou discussão tentamos nos posicionar no lugar do outro, pensar em como podemos resolver a questão com mais equilíbrio e gentileza.

No comércio podemos ver consumidores mais conscientes, escolhendo produtos alinhados com seus valores de compaixão com os animais e respeito com a natureza. No campo da saúde, temos um promoção de ações ligadas a prevenção de doenças e de melhor qualidade de vida. Cada pessoa se compromete com a auto responsabilidade por sua própria saúde. A meditação junto com escolhas saudáveis são responsáveis por uma transformação nas nossas vidas. As famílias têm reservado um espaço no seu dia para seus membros falarem como se sentem e como podem mudar para melhorar a sua relação.

Nesse ano de 2050 comemoramos a redução das estatísticas da pobreza e da fome mundial, estamos no caminho certo. Percebemos que estamos todos juntos, que somos parte de um único organismo e que não há separação entre nós, estamos todos unidos em uma grande rede de auxilio e cuidado.

Compaixão
Então podemos observar como o modo de nos relacionarmos e de produzirmos mudou, nossa economia não está mais baseada na competição ou no medo da escassez. Nosso sistema econômico agora se chama  ´Economia da Compaixão` ou Caring Economy. 

Agora imagine se tudo isso não fosse somente uma fantasia sobre o futuro, mas pudesse realmente estar acontecendo. No meu entendimento, posso enxergar essa mudança em diversas ações e diversas pessoas todos os dias, no momento presente. Vejo que os trabalhos já começaram. Algumas pessoas e organizações já estão agindo  nesse sentido, estudiosos estão pesquisando como isso pode acontecer. Um exemplo é Tania Singer com seu estudo sobre Caring Economy.

De acordo com Tania, do Instituto Max Planck – Institute for Human Cognitive and Brain Sciences, Leipzig, Alemanha, “a compaixão pode ser definida como a emoção que se experimenta quando nos preocupamos com o sofrimento do outro e queremos melhorar o bem-estar desse indivíduo “(Keltner e Goetz, 2007). Em outras palavras, a compaixão tem um componente afetivo e um componente motivacional prosocial .” O desenvolvimento de emoções sociais, como a compaixão, é crucial para interações sociais bem-sucedidas, bem como para a manutenção da saúde mental e física “.

Pessoalmente acredito nessa força do ser humano em treinar e potencializar seu lado da compaixão, trabalhando para o todo. Agora é uma questão de expandir e crescer, chegar a lugares mais distantes. O momento pede engajamento com nossa prática pessoal. E de dentro pra fora vamos mudando o mundo juntos.

“Os seres humanos tendem a achar fácil simpatizar e se preocupar com os membros de seu grupo. A partir da empatia natural que já temos com algumas pessoas, através da atenção plena, podemos cultivar habilidades para poder expandir esta empatia para mais e mais pessoas. É uma espécie de ´treinamento`. Estamos treinando nossas mentes, estamos expandindo nossa consciência e estamos reverberando isso em nossos atos e ações .” **

*Study: Functional Neural Plasticity and Associated Changes in Positive Affect After Compassion Training  – Cerebral Cortex Advance Access published June 1, 2012

**Article Building a Caring Economy from World Economic Forum in Davos.

(citacões livremente traduzidas por Moira Malzoni)